O envelhecimento provoca no sistema nervoso alterações
histológicas, bioquímicas e morfofuncionais. Grande parte dessas alterações
estão presentes tanto no envelhecimento normal (senescência) quanto no
envelhecimento patológico (senilidade) ; tornando assim muitas vezes difícil determinar
a diferença entre as duas formas.
Portanto, procurei expor nesta postagem as principais
alterações “normais” que ocorrem no sistema nervoso com o avançar da idade.
Com o envelhecimento o volume cerebral sofre diminuição de
aproximadamente 2% por década a partir dos 50 anos de vida, porém é por volta
dos 70 a 80 anos que ocorre a perda mais significativa de volume. O Encéfalo
pode diminuir até 200 cm³, essa perda é significativamente maior em mulheres,
acredita-se que essa diferença entre os sexos seja explicada pelos baixos
níveis de estrógeno após a menopausa o que provoca na mulher uma redução mais
acentuada da massa encefálica. Estudos têm demonstrado que os níveis de
estrógeno estão diretamente relacionados com a neuroproteção.
Como conseqüência da diminuição da massa cerebral ocorre a
dilatação dos ventrículos, observada de forma bilateral. Sendo que o volume
médio do ventrículo de individuo entre 18 e 40 anos é de 16 mL, passa para 56
ml acima de 61 anos. Além disso, ocorre o aumento do espaço subdural e
subaracnóideo. Ocorre aumento do volume do líquido cefalorraquidiano (LCR), as
meninges também sofrem alterações, principalmente a aracnóide que fica mais
espessa a partir dos 60 anos.
O cérebro idoso apresenta giros mais finos, separados por sulcos
mais abertos e profundos o que resulta em áreas corticais menores com o avançar
da idade. Os lobos frontais e temporais apresentam uma redução do volume ainda
mais acentuada se comparado a outras áreas. A atrofia do complexo
amídala-hipocampo está relacionada com a diminuição da capacidade de
aprendizado e memória.
Veja a tabela abaixo com as principais alterações anatômicas
do SNC decorrentes do envelhecimento. (retirada de CARDOSO,2007.)
Até a década de 50 e 60 acreditava-se que a diminuição do
cérebro era causada exclusivamente pela morte celular, porém hoje sabe-se que a
perda não é maciça, sendo que em muitos locais o que ocorre é a diminuição do
tamanho dos neurônios.
- A morte celular ocorre principalmente no córtex pré-frontal, hipocampo,tálamo e medula espinhal. Nessas regiões é observado o aumento do número de células responsáveis pela “limpeza” do SNC (astrocitos e microglia), provavelmente essas células realizam nesses locais a fagocitação de restos celulares.
- As alterações por redução de tamanho da células nervosas ocorrem na substancia branca, corpo caloso e tronco cerebral. A hipotrofia neuronal é caracterizada por modificações na estrutura dos neurônios e na sua capacidade de transmissão de sinais.
A morte dos neurônios é compensada pelo aumento da arvore dendritica, ou seja, o
aumento das ramificações de neurônios adjacentes às áreas “mortas”. Esse
mecanismo é conhecido como plasticidade neuronal e tem como função
contrabalancear a degeneração neuronal, criando novas sinapses. Porém ocorre um
declínio da capacidade de plasticidade neuronal
a partir da sétima década de vida.
A condução neural é afetada tanto pela redução neuronal
quanto pela diminuição do conteúdo de mieleina. A velocidade de condução no
idoso é 10 a 15% mais lenta se comparada a um individuo de meia idade. Outro
fator que contribuí significativamente na transmissão de impulsos elétricos é a
redução na síntese protéica que afeta a função de neurotransmissores e
receptores de membrana. Ocorre a diminuição na produção e liberação de
neurotransmissores, bem como reduções de mensageiros secundários e de enzimas
envolvidas nas cascatas de transduções de sinais.
A tabela abaixo mostra as alterações de alguns neurotransmissores no processo de envelhecimento. (retirada de CARDOSO,2007.)
Referências
COHEN, H. Neurociências para fisioterapeutas.
Ed Manole, São Paulo, 2001.
http://www.idosofisioabdala.com/86101/86143.html
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/12107
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/004023.htm
http://www.efdeportes.com/efd15/exercic.htm
CARDOSO, A. S.; JAPIASSÚ, A. T.;
CARDOSO, L. S.; LEVANDOSKI, G.O processo de
envelhecimento do sistema nervoso e possíveis influências da atividade FÍSICA. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, 13 (3/4): 29-44,
set./dez. 2007.
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