terça-feira, 5 de abril de 2011

ENVELHECIMENTO NEURAL


O envelhecimento provoca no sistema nervoso alterações histológicas, bioquímicas e morfofuncionais. Grande parte dessas alterações estão presentes tanto no envelhecimento normal (senescência) quanto no envelhecimento patológico (senilidade) ; tornando assim muitas vezes difícil determinar a diferença entre as duas formas.
Portanto, procurei expor nesta postagem as principais alterações “normais” que ocorrem no sistema nervoso com o avançar da idade.
Com o envelhecimento o volume cerebral sofre diminuição de aproximadamente 2% por década a partir dos 50 anos de vida, porém é por volta dos 70 a 80 anos que ocorre a perda mais significativa de volume. O Encéfalo pode diminuir até 200 cm³, essa perda é significativamente maior em mulheres, acredita-se que essa diferença entre os sexos seja explicada pelos baixos níveis de estrógeno após a menopausa o que provoca na mulher uma redução mais acentuada da massa encefálica. Estudos têm demonstrado que os níveis de estrógeno estão diretamente relacionados com a neuroproteção.


Como conseqüência da diminuição da massa cerebral ocorre a dilatação dos ventrículos, observada de forma bilateral. Sendo que o volume médio do ventrículo de individuo entre 18 e 40 anos é de 16 mL, passa para 56 ml acima de 61 anos. Além disso, ocorre o aumento do espaço subdural e subaracnóideo. Ocorre aumento do volume do líquido cefalorraquidiano (LCR), as meninges também sofrem alterações, principalmente a aracnóide que fica mais espessa a partir dos 60 anos.
O cérebro idoso apresenta giros mais finos, separados por sulcos mais abertos e profundos o que resulta em áreas corticais menores com o avançar da idade. Os lobos frontais e temporais apresentam uma redução do volume ainda mais acentuada se comparado a outras áreas. A atrofia do complexo amídala-hipocampo está relacionada com a diminuição da capacidade de aprendizado e memória.
Veja a tabela abaixo com as principais alterações anatômicas do SNC decorrentes do envelhecimento. (retirada de CARDOSO,2007.)



Até a década de 50 e 60 acreditava-se que a diminuição do cérebro era causada exclusivamente pela morte celular, porém hoje sabe-se que a perda não é maciça, sendo que em muitos locais o que ocorre é a diminuição do tamanho dos neurônios.
    • A morte celular ocorre principalmente no córtex pré-frontal, hipocampo,tálamo e medula espinhal. Nessas regiões é observado o aumento do número de células responsáveis pela “limpeza” do SNC (astrocitos e microglia), provavelmente essas células realizam nesses locais a fagocitação de restos celulares. 


    • As alterações por redução de tamanho da células nervosas ocorrem na substancia branca, corpo caloso e tronco cerebral. A hipotrofia neuronal é caracterizada por modificações na estrutura dos neurônios e na sua capacidade de transmissão de sinais.


      A morte dos neurônios é compensada  pelo aumento da arvore dendritica, ou seja, o aumento das ramificações de neurônios adjacentes às áreas “mortas”. Esse mecanismo é conhecido como plasticidade neuronal e tem como função contrabalancear a degeneração neuronal, criando novas sinapses. Porém ocorre um declínio da capacidade de plasticidade neuronal  a partir da sétima década de vida.
      A condução neural é afetada tanto pela redução neuronal quanto pela diminuição do conteúdo de mieleina. A velocidade de condução no idoso é 10 a 15% mais lenta se comparada a um individuo de meia idade. Outro fator que contribuí significativamente na transmissão de impulsos elétricos é a redução na síntese protéica que afeta a função de neurotransmissores e receptores de membrana. Ocorre a diminuição na produção e liberação de neurotransmissores, bem como reduções de mensageiros secundários e de enzimas envolvidas nas cascatas de transduções de sinais.
      A tabela abaixo mostra as alterações de alguns neurotransmissores no processo de envelhecimento.  (retirada de CARDOSO,2007.)




      Referências


      COHEN, H. Neurociências para fisioterapeutas. Ed Manole, São Paulo, 2001.
      http://www.idosofisioabdala.com/86101/86143.html
      http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/12107
      http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/004023.htm
      http://www.efdeportes.com/efd15/exercic.htm
      CARDOSO, A. S.; JAPIASSÚ, A. T.; CARDOSO, L. S.; LEVANDOSKI, G.O processo de envelhecimento do sistema nervoso e possíveis influências da atividade FÍSICA. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, 13 (3/4): 29-44, set./dez. 2007.

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