quarta-feira, 20 de abril de 2011

EPI - ELETRÓLISE PERCUTÂNEA INTRATISULAR


Para entender o texto abaixo é necessário ler o post anterior sobre tendinopatias.

O que é EPI?

EPI (Eletrólise Percutânea Intratisular) é uma técnica para tratamento de tendinopatias Bastante utilizada no meio desportivo, foi criada por um fisioterapeuta espanhol chamado José Manuel Sanchez, no ano 2000. 

O termo eletrolise significa literalmente : “ destruição do tecido por meio de eletricidade”.
Eletrolise: decomposição por eletricidade
Percutânea: pequena incisão através da pele
Intratisular: na parte interna dos tecidos

Em que situações é utilizada?

Trata-se de um método invasivo usada por fisioterapeutas no tratamento de lesões CRÔNICAS dos tecidos moles.
Ex: lesões do manguito rotador, tendinopatias, fibrose muscular, fasceíte plantar, epicondilite e lesões ligamentares.

Como é feita a aplicação?
Na EPI utiliza-se um aparelho que produz corrente galvânica de alta intensidade, essa corrente é transmitida ao tecido por meio de uma agulha acoplada ao aparelho.
A área e gravidade de lesão são visualizadas por meio de um ecógrafo e a partir de então, a agulha é introduzida diretamente na área da lesão. Portanto a EPI apresenta como vantagem a produção de uma resposta reparadora localizada, devido o contato direto da área lesionada com a corrente.

Como a EPI promove a reparação de lesões?
A corrente galvânica ao entrar em contato com o tecido fibrótico provoca uma reação química. Ocorre a dissociação das moléculas de água(H2O) e sal(Nacl),  formando assim ,moléculas de hidróxido de sódio (NaOH).  Este composto provoca a destruição do tecido.
O termo eletrólise significa “quebra”, “degradação”. Neste caso ocorre a destruição do tecido fibrótico por meio de fagocitação , favorecendo a formação de novo tecido por desencadear uma resposta inflamatória adequada para regeneração.

Como o tecido reage a essa agreção provocada pela corrente? 

Durante a aplicação da corrente galvânica ocorre a lesão das células locais o que faz com que mediadores químicos (histamina, bradicinina) sejam liberados. Esses mediadores desempenham um papel fundamental para orientar a formação da rede capilar no local da lesão (ocorre a neovascularização local). Os Neutrófilos são as primeiras células a chegarem ao local da lesão iatrogênica, envolvendo os resíduos causados pela destruição eletroquímica. Este processo de migração e fagocitose ocorre dentro de poucas horas do trauma e migração de células fagocíticas são facilitados pela liberação de substancias quimiotáxicas no local do dano, de modo a atuar como informantes da localização da lesão, onde a  neovascularização é necessária para promover o fornecimento de nutrientes e oxigênio. Um ou dois dias após a aplicação, é possível observar a presença de macrófagos, ajudando a garantir a continuidade do processo de fagocitose. Os macrófagos desempenham um papel fundamental na cicatrização de tecidos que não é só “engolir” (fagocitar), mas promove também a migração de fibroblastos, que por sua vez liberam fatores de crescimento e facilitam a síntese de colágeno.  ​​

Evidências?
Nas minhas pesquisas não encontrei muitos estudos sobre a EPI, até porque trata-se de uma terapia relativamente recente.
Alguns estudos foram realizados para investigar os efeitos da EPI em lesões dos tecidos moles. Pode-se observar que o uso desta técnica é mais   eficaz em patologias crônicas, do que em patologias agudas.
Quando esta está associada outros recursos como, por exemplo, treino excêntrico torna-se mais efetiva.
O uso  da EPI tem- se  mostrado grande vantajoso  em lesões tendíneas crônicas.
Geralmente essas lesões não respondem bem aos tratamentos convecionais devido a sua histopatologia perculiar (que  já foi explicada no post anterior sobre tendinopatias). Sendo assim, a EPI por atuar no tecido fibrótico produz resultados melhores e diminuí o tempo de recuperação, promove o retorno mais cedo a prática desportiva.
Estudos estão sendo realizados para investigar os efeitos dessa técnica em pacientes com pubalgia e outras patologias que acometem os atletas.




As figuras abaixo demonstram o efeito da EPI nos tecidos. (tendinopatia patelar de um ciclista)
Tendão patelar lesionado (Imagem obtida por meio de ultrassonografia)

Imagem comparativa (à esquerda a imagem do tendão lesionado e à direita o tendão sem lesão).
Imagem do tendão patelar após aplicação da EPI




4 comentários:

  1. Consegue apresentar-me o preço do instrumento usado?

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  2. Excelente artigo, estou com uma tendinose (ou tendinopatia) no tendão calcâneo esquerdo e acredito que este será a solução do problema, porém não se encontra este tratamento em Campinas e nem no estado de São Paulo

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  3. Olá, ainda nao se encontra no Sao Paulo?
    preciso dele. Obrigado pela informaçao!

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  4. Oi, eu gostaria de saber em qual artigo você conseguiu achar a data de criação do aparelho e o nome do criador, obrigada

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